28 February 2010

Insano deleite

Na voluptuosidade do teu corpo viajei-me. Visitaste-me num anseio sem pudor, muito para além dos olhares. Os momentos doíam-me de prazer ainda por rasgar. Renovavam-se no singular beber da tua respiração. No inebriante cheiro dos nossos sexos, sôfregos e insaciáveis. Sentia o sangue quente que as tuas unhas crispadas acrodaram e na minha boca o teu mamilo mordido jorrava sofreguidão avermelhada. Num apetite voraz, chegamos à descoberta insinuante e delicada de recônditos lugares, onde as curvas dos corpos se colavam às mãos num desejo desassossegado.
Todos os fluídos se encontravam no mesmo rio.
Trucidados pela procura de um sentir inventado, um insano deleite obrigava-nos a apaziguar a luxúria que nos rasgara a carne e o espírito. (...) morremos ali, num grito de pura lascívia.


Tiago Galvão Teles in UrbanMan Fev 2010

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